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A Mãe e o Pêssego
O pai reuniu a mulher e os dois filhos e comunicou: "Perdi o emprego. A partir de amanhã, nossa vida será diferente. Para manter o essencial, teremos de cortar o supérfluo".
O filho mais moço perguntou o que era "supérfluo". O pai deu um exemplo: - "Você gosta de pêssegos. Pois cortaremos os pêssegos, sobremesa agora é goiabada e pronto!"
O garoto ficou pensando que todos os dias comeria goiabada - e ele não gostava de goiabada. Para azar dele, era tempo dos pêssegos, aveludados, doces como mel.
Passou a primeira semana sem sobremesa, preferia morrer a comer a goiabada que parecia eterna, quando acabava uma, logo aparecia outra.
Até que um dia a mãe voltou da feira com o carrinho quase vazio. Mesmo assim, em lugar de destaque, por cima de todas as compras, lá estava a lata de goiabada. O menino teve um engulho.
Mas logo que o pai saiu para procurar emprego, a mãe chamou o guri.
Para não despertar suspeita no filho mais velho, falou com autoridade: "Venha cá!"
O menino pensou que fizera alguma coisa errada e que ia levar uma bronca.
A mãe levou-o para o banheiro e fechou a porta.
Mostrou um enorme pêssego, vermelho e amarelo, a penugem aveludada, doce como o mel. "Olha o que eu trouxe para você!".
O menino nem gostou do pêssego. Preferiu gostar mais daquela mãe.
Carlos Heitor Cony
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