" Não vim destruir a
lei, mas dar-lhe cumprimento."
Companheiro inúmeros, em
rememorando semelhantes palavras do Cristo, decerto, guardarão a idéia
fixada simplesmente na confirmação doutrinal do Mestre Divino ante o
ensinamento de Moisés.
A lição todavia, é mais profunda.
Sem dúvida, para consolidar a
excelência da lei mosaica do ponto de vista da opinião, Jesus poderia
invocar a ciência e a filosofia, a religião e a história, a política e a
ética social, mobilizando a cultura de seu tempo para grafar novos tratados
de revelação superior, empunhando o buril da razão ou o azorrangue da
crítica para chamar os contemporâneos ao cumprimento dos próprios deveres,
mas compreendendo que o amor rege a justiça na Criação Universal, preferiu
testemunhar a lei vigente, plasmando-lhe a grandeza e exatidão no próprio
ser, através da ação renovadora com que marcou rota, na expansão da
própria luz.
É por isso que, da Manjedoura simples à Cruz morte, vendo-o serviço
infatigável do bem, empregando a compaixão genuína por ingrediente
inalienável da própria mensagem transformadora, fosse subtraindo a Madalena
à fúria dos preconceitos de sua época para soerguê-la à dignidade
feminina, ou desculpando Simão Pedro, o amigo timorato que abdicava última
hora, fosse esquecendo o gesto impensado de Judas, o discípulo enganado, ou
buscando Saulo de Tarso, o, adversário confesso, para induz-lhe a sinceridade
a mais amplo e seguro aproveitamento da vida.
E é ainda aí, fundamentado nesse programa de ação-predicação, com o
serviço ao próximo valorizando-lhe o verbo revelador que a Doutrina
Espírita, sem molhar palavras no fel do pessimismo ou da rebeldia satisfará
correntemente aos princípios estabelecidos, dando de si sem cogitar do
próprio interesse, transformando a caridade em mera obrigação para que a
justiça não se faça arrogância entre os homens, e elegendo no sacrifício
individual pelo bem comum a norma de felicidade legítima para solucionar na
melhoria de cada um de nós, o problema de regeneração da humanidade
inteira.
Emmanuel
O médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: " Abrigo "
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