Na caverna primitiva,
Armada de pedra e clava,
A terra move-se escrava
Do sul ao setentrião.
Sob o medo que a domina,
Espessa nuvem a encerra:
É o carro estranho da guerra,
Gerando destruição.
Desde os lêmures remotos
A Atlântida bela e flórea,
Hoje segredos da história
No torvo arquivo do mar,
Suplicam povos nascentes:
"Viver e amar! ... Ao
porvir!...
Crescer, lutar,
construir!..."
E a guerra pede: "
arrasar!..."
Das glebas remanescentes
Aninha-se na Caldéa,
Paira fremente na idéia
Dos seguidores de Deus!...
Antigos povos pastores
Bradam rixas e vinganças
E empunham pérfidas lanças
Na guerra dos filisteus.
Filósofos pregam paz
Sobre espadas e tambores,
Há novos conquistadores
Decretando novas leis...
Passa a rude caravana,
Sesoztriz, Ramsés, Cambises
E as multidões infelizes,
Seguido sobas e reis.
Um dia, Alguém contra o ódio
Desce da Altura infinita,
Faz-se a palavra bendita
De vida, verdade e amor,
Mas a voz da crueldade
Dirigi-se em rumo certo
E impõe-lhe, a cenário aberto,
A morte de malfeitor.
Desde Jesus, entretanto,
Cresce a Divina Demanda,
O bem sugere e comanda
No Direito Natural!...
Tantas armas se acumulam,
Tanta violência subleva
Que a treva receia a treva
E o mal sente o horror do mal...
No contexto das nações,
Eis que o duelo se atiça,
Mas a chama da justiça
Acende a luz da razão;
Rogam-se ajustes, tratados,
Cessação de toda luta,
Concórdia, amparo, permuta,
Auxílio e cooperação.
Brasil, no posto da paz
Em que a vida te agasalha,
Serve, abençoa, trabalha
Na fé a que o céu te induz! ...
E ainda que o ódio estoure,
Clama, em brado soberano,
Que em todo conflito humano,
O vencedor é Jesus.
Castro Alves
Médium: Francisco Cândido Xavier
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